CUIMBA DE HOJE
Vila do Cuimba volta a crescer
Membros do governo provincial e do municipio durante uma visita às obras públicas que estão a ser construídas no Cuimba
Fotografia: Adolfo Dumbo
Com
a conquista da paz, muitos angolanos viram os seus sonhos realizados.
Em nove anos tudo mudou para melhor. Em todo o país estão em execução
propjectos no âmbito da reconstrução nacional. No município do Cuimba a
qualidade de vida melhorou com os novos equipamentos construídos.
Lopes
Sebastião Gonga quando chegou a paz conseguiu comprar quatro viaturas e
uma casa na vila do Cuimba, província do Zaire, onde exerce as funções
de comandante do segundo batalhão da 52ª brigada de infantaria das
Forças Armadas Angolanas (FAA).
Lopes Sebastião Gonga, conhecido nas
lides militares por “Camaleão”, diz ter também reabilitado uma casa em
Luanda, o que, segundo disse, era impossível em tempo de guerra.
Lopes
Sebastião Gonga conta que ingressou nas extintas FAPLA a 28 de Abril de
1980, cinco anos depois da proclamação da Independência Nacional. Tinha
na altura apenas 14 anos.
Apesar de ser menor, partiu
voluntariamente para a defesa da integridade e da soberania nacional.
Homem robusto e de trato fácil, o comandante “Camaleão” lembra que,
entre as várias batalhas em que teve participação directa, a do Cuito
Cuanavale, contra os invasores sul-africanos, foi a que marcou mais a
sua vida militar, tendo em conta o seu impacto e envergadura no contexto
africano.
“A ideia que existe é que, quem vai à guerra vai para
morrer. Mas nem sempre isso acontece”, disse Lopes Sebastião Gonga,
acrescentando que é com um sentimento de felicidade que vê o país
celebrar 36 anos de independência.
“O país está a ser reconstruído.
Hoje, posso andar por todo o território nacional sempre que quiser, sem
problemas”, disse Sebastião Lopes Gonga.
No
Cuimba, com a paz chegou também o progresso. Aos poucos a vida entrou
na normalidade e a esperança renasceu entre os seus habitantes, porque
há condições para relançar a economia.
As ligações com os outros
municípios estão a melhorar e o comércio começa a ganhar um lugar
importante no quotidiano das populações. Os sectores da educação e da
saúde também estão a acompanhar o progresso e há cada vez mais oferta de
escolas e cuidados de saúde em todas as comunidades.
Canteiro de obras
A reconstrução nacional e o crescimento sócio-económico do país abrangem todos os municípios, comunas e povoações.
A
vila do Cuimba, situada a cerca de 70 quilómetros de Mbanza Congo, está
a reerguer-se dos escombros da guerra com a construção de numerosas
infra-estruturas de impacto social, no quadro do programa do Executivo
de combate à pobreza através do desenvolvimento sustentado das
comunidades rurais e das comunas.
Cuimba está transformada num
canteiro de obras, fruto da construção de empreendimentos como o
edifício da administração local, a repartição municipal da Saúde e duas
habitações do tipo T4 e T3, para a administradora municipal e o seu
adjunto.
Estão igualmente em construção três escolas com oito salas,
sendo duas do primeiro ciclo do ensino secundário e outra do segundo
ciclo, assim como o hospital municipal e a maternidade, a dependência do
Banco de Poupança e Crédito (BPC) e as instalações do Comando Municipal
da Polícia Nacional.
O hospital e a maternidade vão resolver muitos
problemas às comunidades do município do Cuimba que agora têm de se
deslocar a Mbanza Congo para terem cuidados diferenciados de saúde.
A
administradora municipal do Cuimba, Fernanda Sumbo Guerra, destacou a
importância das obras, porque melhoram as condições de vida e vão mudar a
imagem da vila fronteiriça ainda caracterizada por várias construções
precárias.
“O município foi um quartel militar no passado, daí que
carece de infra-estruturas, para pôr a funcionar os vários órgãos aqui
existentes. É benéfico para nós, porque pretendemos com o projecto munir
os nossos funcionários de condições adequadas para desenvolverem o seu
trabalho”, esclareceu a administradora Fernanda Sumbo Guerra.
A
administradora disse à nossa reportagem que o início das chuvas tem
atrasado algumas obras: “se não fossem as chuvas que se abatem na região
e que retardaram a conclusão de algumas obras, estariam já inaugurados
16 empreendimentos, dos 19 previstos”.
A maior parte das habitações está ligada à rede eléctrica, que recebe energia de um grupo gerador.
Outro grupo gerador serve a rede de iluminação pública do Cuimba e a distribuição de energia pode ser considerada satisfatória.
Estrada degradada
O processo de desenvolvimento do município do Cuimba tem um obstáculo que é preciso remover com urgência.
A via de terra batida que liga a vila a Mbanza Congo está degradada devido à chuva e à falta de manutenção permanente.
Quando
chove, os pneus das viaturas perdem aderência no terreno escorregadio e
desnivelado, com subidas e descidas, tornando a condução muito
perigosa.
Raimundo Joaquim, motorista da Direcção Provincial das
Edições Novembro no Zaire, viu as suas habilidades de condução postas à
prova. A condução exigia cautelas, devido à chuva que caía na altura,
quando nos dirigíamos à vila do Cuimba, para fazer esta reportagem. A
província do Zaire continua a ter na sua rede viária o “elo mais fraco”
porque qua nto ao resto, a reconstrução nacional chegou em força e
começam a surgir equipamentos sociais em todas as vilas e comunas da
província.
A administradora municipal do Cuimba,Fernanda Sumbo
Guerra, admitiu que a reabilitação da estrada pode acontecer no próximo
ano, tendo em conta a sua importância para o processo de desenvolvimento
sócio-económico da região.
“Este ano está no fim, mas posso
garantir que no próximo ano o problema da estrada e das pontes fica
resolvidos”, disse, sublinhando que o Governo Provincial está empenhado
na sua materialização.
Neste momento está a ser colocado asfalto
na estrada que liga a cidade de Mbanza Congo à localidade do Luvo, num
total de 62 quilómetros, devendo prolongar-se até ao município de Nóqui
na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC). Outras
estradas da província estão em obras de reabilitação, com destaque para a
estrada que vai ligar ao Bengo e a Luanda, com perfil de via rápida e
que vai colocar a província do Zaire mais próxima do resto do país e
sobretudo com melhores ligações para as províncias vizinhas.
Satisfeito
com o grau de execução das obras em curso no Cuimba, o vice-governador
do Zaire, Rogério Eduardo Zabila, exortou os habitantes a darem o seu
contributo ao processo de reconstrução nacional. A taerefa de
reconstruir Angola exige o esforço e a mobilização de todos os
angolanos.
“A unidade entre os angolanos é indispensável para o
cumprimento dos vários programas que são gizados pelo Executivo. Todos
somos importantes neste processo, ninguém está de fora, o país é nosso e
somente nós podemos construí-lo”, disse Rogério Eduardo Zabila aos
habitantes do Cuimba .
O vice-governador da província do Zaire
afirmou que hoje, mais do que nunca, o país está a viver momentos de
prosperidade, fruto das grandes conquistas dos angolanos, como a
independência e a paz: “por isso é dever de todos nós preservarmos a paz
e darmos tudo pela reconciliação nacional”.